“Panic Attack” Solo Exhibition – Lisbon

PANIC ATTACK Lara Luís Todos nós, em algum momento da vida, já tivemos um ataque de pânico. Este, proeminente em quem lida com a ansiedade diarimente, mostra-se enquanto um período intenso em que o medo e o desconforto físico absoluto ganham protagonismo. Os sintomas são vários, congelando-nos o corpo e incapacitando a nossa forma de agir e pensar. Contudo, não foi o caso deste episódio expositivo da ilustradora Lara Luís. Há três anos que Lara não expunha individualmente, o que contribuiu para o aumento destas palpitações emocionais. Uma exposição deste cariz concentra atenções, coloca tudo em perspectiva, faz-nos questionar caminhos e progressos até ao momento. Ao longo destes últimos anos muita coisa mudou no que diz respeito ao seu trabalho: as cores, os traços, as temáticas (menos o seu corte de cabelo). Quem conhece os desenhos desta ilustradora nota a falta da presença de cores mimosas, da overdose de felinos e dos motivos eufóricos. Em “Panic Attack” vemos uma Lara diferente, mais soturna, sarcástica mas não menos introspectiva. Esta característica sempre esteve presente. Lara Luís foi sempre fiel à verdadeira personagem: ela própria, aqui mais do que nunca. Muita coisa mudou em três longos anos: amores, desamores, depressões e problemas com certas substâncias que normalmente devem ser consumidas com moderação, mas que…neste caso não foram. Lara conta tudo através das suas obras, sem pudores, sem hesitações. Porque ela é mesmo assim e é deste modo que vê a própria ilustração: algo com a qual nos podemos identificar. As cores utilizadas não foram ao acaso, o azul remete ao famoso estado “feeling blue”, retratado em tantas canções que já nem conseguimos contá-las pelos dedos das mãos. O preto e o branco definem as fronteiras das imagens e das emoções que tantas vezes oscilam entre euforia e descontentamento. A variedade de formatos evidencia um diário gráfico que a acompanhou ao longo dos últimos tempos, com apontamentos dos momentos sentidos e vividos, à boa maneira da realidade cibernáutica actual. Uma coisa é certa, por mais negro que seja o seu estado, Lara Luís encara-o sempre com humor. Por norma, aqueles que desenvolvem ataques de pânico estão constantemente susceptiveis a repetições. Neste caso, todos esperamos que tal aconteça. Francisca Sobral